O silêncio se estende por menos de um segundo. Em frente à parede cinza de um ginásio em Lodz, na Polônia, Gabi logo desanda a falar. A câmera, por vezes, perde o foco enquanto as palavras da ponteira se atropelam em uma declaração acelerada, feliz. Era junho de 2012, e o Brasil acabara de vencer a Itália em um jogo de cinco sets pelo Grand Prix. Era, também, a estreia de Gabi pela seleção brasileira de vôlei.
O jeito de menina e a fala apressada se mantêm dez anos depois. Mas são, talvez, os únicos traços que remetem àquele dia. O rótulo de promessa ficou para trás há tempos. Hoje, aos 28 anos, Gabi é o principal nome da seleção brasileira. Em quadra, vive seu auge: é, para muitos, a melhor jogadora do mundo na atualidade. Com o status de fenômeno, carrega as esperanças de um título inédito para o Brasil no Mundial de vôlei feminino, que começa nesta sexta-feira, na Holanda e na Polônia. Sempre, porém, com um sorriso estampado no rosto.
O Brasil estreia no Mundial neste sábado, às 15h30, contra a República Tcheca. O sportv2 transmite a partida ao vivo, e o ge acompanha tudo em tempo real. A seleção está no grupo D do Mundial e busca um lugar entre as quatro que avançam à segunda fase.
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Gabi festeja ponto pela seleção brasileira — Foto: Divulgação/FIVB
Descoberta no Mackenzie, de Minas, ainda aos 17 anos, Gabi não demorou a ser apontada na época como aposta para o futuro de uma seleção que logo conquistaria seu segundo ouro olímpico. Ganhou projeção, acumulou títulos por Rio de Janeiro e Minas e, aos poucos, conquistou seu espaço como referência do time de Zé Roberto. Mas, ao se transferir para o Vakifbank, da Turquia, em 2019, sentiu a necessidade de ir além. Em meio às melhores jogadoras do mundo, quis vencer suas limitações para não ficar para trás.
Gabi tem 1,80m. Sua altura a coloca em desvantagem em relação a outras jogadoras. Paola Egonu, italiana que disputa os holofotes com a brasileira, por exemplo, tem 1,93m. Até por isso, quando surgiu, a brasileira se destacava pelo volume de jogo. Ao treinar seu passe à exaustão, se aproximou da perfeição. Em uma seleção que se sobressai por conta de seu sistema defensivo, Gabi se tornou indispensável.
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Dados e histórico de Gabi — Foto: Infografia
A mudança para a Turquia, porém, fez com que Gabi buscasse mais. Para fazer frente às rivais, precisava, também, atingir um nível além. No Vakifbank, sob a tutela do técnico Giovanni Guidetti, Gabi mudou hábitos e rotinas.
– Teve uma mudança muito grande de um período para outro. Eu brinco e digo que teve o “despertar da Gabriela”. Essa consciência, que eu sempre tive, claro, de que, por ser uma jogadora baixa, eu tinha de fazer um algo a mais sempre para conseguir performar à altura das grandes jogadoras e chegar aos meus objetivos. Mas acho que chegou a um ponto em que só ser a ponteira passadora, fazer o fundo de quadra, não estava me bastando. Precisava quebrar essa barreira.
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Gabi em ação pela seleção brasileira — Foto: Divulgação/FIVB
Fonte: GE