Uma usina de recordes
Lendas do esporte começam a marcar seu espaço quando dificultam a vida de analistas, comentaristas e repórteres na busca por adjetivos que definam o nível do astro. É o que ocorre agora com Erling Haaland, o jovem goleador que brilhou na manhã de ontem no clássico entre Manchester City e Manchester United e mostra apetite para fulminar todas as marcas possíveis.
Ao consignar mais um hat-trick com a camisa do Manchester City, ele se tornou o primeiro jogador a marcar três gols em três jogos consecutivos dentro de casa. Antes, Haaland tinha balançado o barbante três vezes do Nottingham Forest e Crystal Palace.
Outro recorde alcançado: Haaland passa a ser o terceiro jogador da história do Manchester City ao anotar hat-trick no Manchester United, depois de Francis Lee, em 1970, e Horace Barnes, em 1921.
É importante observar que ele fez três gols em lances inteiramente diferentes entre si – um de cabeça, outro em um salto para desviar a bola e outro no estilo de um centroavante clássico.
Curioso é que o bom Phil Foden também marcou três vezes na goleada de 6 a 3 do City contra o United, mas todos os holofotes se concentram no furacão norueguês, o que dá uma ideia de como o mundo enxerga o fenômeno surgido no Borussia Dortmund e mostra a abissal diferença entre os grandes e os comuns.
Além dos gols, Haaland deu assistências para dois gols de Foden, o que valoriza um de seus recursos menos visíveis: sabe sair da área e jogar com os companheiros na aproximação, no que lembra muito o polonês Lewandowski.
Cristiano Ronaldo assistiu ao massacre sofrido pelo United (perdia de 4 a 0 no final do primeiro tempo), poupado pelo técnico Erik ten Hag. Segundo o treinador, CR7 ficou de fora porque estava desgastado demais após os jogos pela Liga das Nações. Casemiro e Fred também estavam no banco, mas foram lançados no segundo tempo.
CR7 é também um ponto a ser analisado nisso tudo, mesmo tendo sido um espectador apenas. Ocorre que a presença fulgurante de Haaland se dá quando o supercraque português vive o ocaso da carreira, já sem a força e a qualidade de antes. Como Messi, Cristiano é cada vez mais uma pálida lembrança do monumental jogador que foi. Afinal, o tempo passa para todos.
O massacre histórico que se desenhava acabou atenuado nos 10 minutos finais. O Manchester City vencia por 6 a 1 quando Martial fez dois gols que permitiram ao United sair de campo com um mínimo de dignidade. O que não diminui o vareio de bola aplicado pela equipe de Guardiola, que parecia correr a 100 km/hora contra um United travado.