“Foi tudo de uma vez. Na quinta-feira a escalação para a final. Na sexta-feira a notícia que eu irei entrar para o quadro da Fifa a partir do ano que vem. E no sábado tive que ficar focada na partida. Então, assim, foi tudo de uma vez”
A rotina da arbitragem no futebol geralmente é agitada. Só que os últimos dias foram especialmente movimentados para Andreza Siqueira. Fora da escala, ela foi convocada às pressas para apitar a final da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, se tornando a primeira mulher a comandar uma decisão masculina no estado. Pouco depois, Andreza recebeu a informação de que será árbitra internacional a partir de 2022, quando passará a integrar o quadro de arbitragem da FIFA.
Andreza contou ao ge sobre o turbilhão de emoções que viveu nas últimas horas, como recebeu a oportunidade de apitar uma decisão de campeonato, falou sobre a sensação de usar o distintivo da principal entidade do futebol mundial e revelou os objetivos profissionais dela para 2022.
De repente, final!
A Federação Mineira de Futebol tinha definido que João Luiz Gomes Neto apitaria o segundo jogo da final da Segundona entre Uberaba e Varginha. Porém, um imprevisto modificou a escala do fim de semana. João fraturou o pé direito em acidente de carro.
Assim, na quinta-feira, Andreza, que no fim de semana seria árbitra em uma partida feminina não oficial em Nova Lima, foi convocada para apitar o jogo decisivo, marcado para o último sábado, no Uberabão.
– O João merecia muito essa final pelo campeonato que ele fez. Então, eu quis honrar o nome dele. Foi triste o motivo. Eu liguei para ele, falei que estava triste com a situação. Mas alguém teria que substituí-lo. Ter sido escolhida foi uma honra – falou Andreza.
Na sexta-feira, véspera da final, outra novidade agitou o dia de Andreza. Enquanto arrumava a mala para viajar rumo ao Triângulo Mineiro, ela recebeu a notícia de que será árbitra FIFA a partir de 2022.
– Fiquei muito feliz. É espetacular, o que a gente mais sonha quando entra na arbitragem. Agora a pressão aumenta, a responsabilidade é ainda maior. Então, é me preparar cada vez mais para fazer um excelente trabalho – disse a árbitra, que completou 35 anos no mês passado.
– É muito coisa acontecendo ao mesmo tempo… ainda estou assimilando, está caindo a ficha ainda – falou a árbitra mineira.
Trajetória
Natural de Belo Horizonte, Andreza viveu a infância e adolescência em Divinópolis, onde jogava futsal e futebol de campo. Apaixonada por esportes, voltou para capital mineira para cursar Jornalismo. Formou-se, mas não atuou na área. Descobriu a arbitragem através do incentivo de uma vizinha, a “tia Márcia”, e seguiu o caminho do apito.
Desde 2017, Andreza faz parte da equipe de arbitragem da Federação Mineira de Futebol. Em 2019, entrou para o quadro da CBF. A partir, da próxima temporada, ela passará a ter o escudo Fifa. A árbitra mineira contou quais são os próximos objetivos da carreira.
– A meta para o ano que vem é apitar o Módulo 1 do Campeonato Mineiro e a Série D do Brasileiro. E como árbitra internacional o meu primeiro sonho é fazer uma partida de Libertadores feminina. Depois, se eu conseguir, tenho metas maiores, mas vamos uma de cada vez – afirmou Andreza.
Depois da final do último sábado, Andreza seguiu para um período de descanso no litoral carioca. Mas, mesmo de férias, segue a cartilha de treinamentos e tem feito trabalhos na areia para chegar em forma para a temporada 2022.
Além de Andreza, Minas Gerais terá outros três representantes na arbitragem Fifa no próximo ano: os assistentes Guilherme Dias Camilo e Fernanda Nândrea e o árbitro de vídeo Igor Junio Benevenuto.