Vice-campeão da Fórmula 1 em 2021, Lewis Hamilton estendeu neste ano seu contrato com a Mercedes até 2023, mas as circunstâncias da derrota para Max Verstappen fizeram até seu chefe na equipe alemã, Toto Wolff, questionar sua permanência em 2022. E embora compreenda a frustração do rival, o campeão da RBR não concordaria em ver o heptacampeão se retirar da F1.
– Entendo que nos primeiros dias após uma corrida como essa você não esteja feliz, mas você também deve entender que isso é corrida. Ele deveria apenas olhar para o que já conquistou. Isso devia dar a ele muito conforto e aquela vontade de seguir em frente, porque ele ainda tentará lutar pelo oitavo título e com certeza pode alcançar isso no ano que vem – opinou o holandês.
Hamilton e Verstappen chegaram no último GP do ano, em Abu Dhabi, empatados em 369,5 pontos no campeonato de pilotos.
A decisão, porém, ganhou contornos dramáticos; o holandês ultrapassou o rival na última volta da corrida após a saída do safety car acionado pela batida de Nicholas Latifi e que, na concepção da Mercedes com base no Regulamento Esportivo da F1, não deveria ter deixado a pista.
O Artigo 48.12 do regulamento orienta que todos os retardatários devem se realinhar à volta dos líderes com o carro de segurança e este deve retornar ao pit lane apenas no fim da volta que sucede a manobra. Assim, como a corrida terminaria na volta 58, a prova seria encerrada sob bandeira amarela.
A direção de prova chegou a proibir que os pilotos que estavam uma volta atrás de Hamilton e Verstappen ultrapassassem a dupla, mas depois, liberou que apenas cinco – Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel – o fizessem.
– Vai levar muito tempo para digerir o que aconteceu no domingo. Acho que nunca vamos superar isso, não é possível. Lewis e eu estamos desiludidos no momento. Não estamos desiludidos com o esporte. Amamos o esporte com todos os ossos do nosso corpo. E adoramos porque o cronômetro nunca mente – disse Toto Wolff.
Hamilton e Wolff sequer compareceram na cerimônia de premiação da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) nesta quinta-feira, que concedeu a Verstappen o troféu de campeão mundial. O chefe da Mercedes justificou sua ausência à lealdade para com seu piloto.
Essa ausência, porém, pode ter consequências para o britânico; o regulamento da F1 obriga os três primeiros colocados a participarem do evento – Valtteri Bottas, terceiro colocado e que deixa a Mercedes pela Alfa Romeo em 2022, compareceu.
O heptacampeão ainda não se manifestou sobre o desfecho da temporada. Ele não publicou em suas redes sociais desde o domingo; sua última aparição pública foi na quarta-feira, quando foi recebido pelo Príncipe Charles no Castelo de Windsor e condecorado como cavaleiro da monarquia britânica.
O novo presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem, prometeu avaliar a situação do piloto, mas já adiantou que não haverá perdão caso se confirme que ele descumpriu o regulamento na sua ausência.
– Não lamento (a derrota de Hamilton), mas posso compreender, é claro, que pode ser muito doloroso. Mas no final das contas, isso é corrida. Você tem que continuar lutando até o fim, sabendo que tudo pode acontecer. Ele também ganhou um campeonato como esse e acho que pode me entender. Então eu não vejo nenhuma razão para desistir ou parar agora – concluiu Verstappen.
A temporada 2021 foi a 14ª da carreira de Hamilton, que hoje com 36 anos, estreou na F1 em 2007. De lá pra cá, o britânico conquistou um título mundial pela McLaren em 2008, e outros seis pela Mercedes em 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020.
(G.E GLOBO)