Abel vive um dilema para recuperar o melhor encaixe ofensivo do Palmeiras depois da grave lesão no joelho sofrida por Dudu. Além do lógico decréscimo técnico causado com a ausência de um dos melhores jogadores do futebol brasileiro nos últimos anos, a parte tática sofreu um abalo importante. Mas um jogador pouco badalado amenizou esse cenário num passado recente.
Jhon Jhon não está pronto para ser um titular incontestável deste Palmeiras. Em comparação a seus ”concorrentes” por uma vaga no time – Endrick e Luís Guilherme – subiu para os profissionais mais velho e está abaixo tecnicamente da dupla, mas tem características para cumprir uma função que faz a saída de Dudu ser menos traumática.
A conclusão pôde ser tirada no período entre 14 de julho e 1º de agosto. Com desgaste físico, o camisa 7 foi preservado para estar apto nas oitavas de final da Libertadores diante do Atlético Mineiro. Jhon Jhon foi titular em três dos quatro jogos na ocasião, pelo lado esquerdo do ataque, e a ocupação de espaços do time, bem como a coordenação nos movimentos, foi pouco afetada.
Com Dudu, o Palmeiras tinha mais vezes o ponta pela esquerda bem aberto no setor. Isso fazia com que Piquerez atacasse bastante por dentro, no ”meio-espaço”, entre o lateral-direito e o zagueiro pela direita do time adversário. Mas eles revezavam em determinados jogos. Os duelos contra o Galo são exemplos.
Longe de seu ritmo ideal, Dudu circulou mais vezes por dentro, atraiu Saravia, e abriu o corredor para Piquerez apoiar. Funcionou! Jhon Jhon faz o mesmo movimento desde a base. Parte da esquerda para dentro, pode alternar o papel com o lateral palmeirense quando o time estiver em fase ofensiva, como já fez recentemente. Também cumpre bem o papel ao defender.
Além da titularidade contra Internacional, Fortaleza e América Mineiro na segunda quinzena de julho, Jhon Jhon iniciou os duelos diante de Fluminense, Cruzeiro e Cuiabá, antes de ser preterido e só voltar a campo como titular no último domingo, contra o Bragantino, quando novamente jogou bem.
É claro que a parte técnica do meia de 21 anos ainda necessita de evolução. Grande parte da torcida palestrina não é entusiasta de seu futebol, mas o conjunto funcionou mais próximo do natural da equipe quando ele esteve em campo.
Tentando com que Artur fizesse a função a partir do lado esquerdo, Abel acabou perdendo o poder de desequilíbrio que o camisa 14 costuma ter pela direita. Mayke é agudo, gera profundidade constantemente quando atua mais adiantado, mas não possui a mesma imprevisbilidade de Artur na definição dos lances. Na lateral é mais útil.
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Artur em ação pelo Palmeiras contra o Boca Juniors na semifinal da Libertadores — Foto: Cesar Greco/Palmeiras
Luís Guilherme é um jogador mais técnico que Jhon Jhon, mas é habituado a atuar pelo lado direito prefencialmente, ou na meia-central, função que é de Raphael Veiga. Se iniciar na ponta-direita hoje, a mudança de lado prejudicial a Artur vai ocorrer de novo.
Endrick é um atacante central. Pode fazer o lado esquerdo do ataque em uma situação emergencial de jogo. Não desde o início. Outra alternativa é abrir Rony no setor e escalar Endrick centralizado, mas neste caso Abel tiraria o melhor encaixe de ”centroavante” que sua equipe tem e já sabe explorar.
O Verdão venceu quatro dos seis jogos em que Jhon Jhon foi titular nas ”janelas” de ausência de Dudu antes da lesão, e a fluídez ofensiva esteve mais próxima do ideal em comparação aos jogos recentes.Considerar isso certamente está no radar de Abel Ferreira para escalar o time logo mais.