Atual número 3 do ranking peso-palha (até 52kg), Marina Rodriguez tem compromisso marcado no UFC no dia 5 de novembro, em Las Vegas, onde faz um duelo brasileiro com Amanda Lemos. Embalada por quatro vitórias seguidas, a lutadora gaúcha enfrentará a atual número 7. O cenário poderia ser bem diferente se Marina não tivesse recusado outras duas adversárias mais bem ranqueadas, mas ela garante, em entrevista exclusiva ao podcast Mundo da Luta, que não se arrepende de nada.
– Lutei contra a (Yan) Xiaonan em março e passou um mês e pouco e o UFC me ofereceu para lutar com Weili Zhang em Singapura. Não tinha nem dois meses inteiros para me preparar. Para lutar contra a Weili Zhang, uma ex-campeã, a gente quer um camp completo, quer estar bem preparada para fazer uma excelente luta. A gente teve que negar. Na época, meu treinador já tinha uma outra atleta (Taila Santos) fazendo a luta pelo cinturão (peso-mosca) no mesmo evento, então ficaria complicado. Ele decidiu dar total atenção a essa luta do cinturão e a gente teve que passar a Weili Zhang. A gente disse que aceitava lutar com ela, mas mais para frente. Daí o UFC disse: “não, a gente quer para agora”. Tanto que o Dana White deu uma declaração dizendo que “timing” era tudo. Esse “timing era tudo” era um recadinho para a Marina, que não pegou a luta independente de quantos dias, contra quem e onde.
A recusa sobre a luta com Zhang – que acabou vencendo Joanna Jedrzejczyk em Singapura – não é novidade, mas logo depois Marina recusou ainda uma luta com a ex-campeã Jéssica Bate-Estaca. Como as duas possuem o mesmo empresário, o time entendeu que o duelo só faria sentido numa disputa de cinturão. Amanda Lemos acabou sendo a opção “imposta” pelo UFC.
– Após essa oferta muito rápida, o UFC me ofereceu a Jéssica Andrade, mas ela é da mesma agência que eu. O treinador dela, o mestre Gilliard Paraná, é o meu manager. E a gente teve uma conversa e dissemos: a gente luta entre si, mas pelo cinturão, que aí é benéfico para os dois lados. Aí negamos essas duas lutas. E para esperar pelo cinturão ia demorar, seria somente ano que vem, porque a Weili Zhang seria só mais para frente. A gente ficou ali na espera e o UFC nos forçou, nos empurrou mais uma luta, e a gente teve que aceitar. A gente é funcionária e tem que fazer o nosso trabalho, independentemente se a luta faz sentido ou não. No caso, não faz nenhum sentido.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2022/p/h/S38VQBTrGn19j7EZCJ2g/gettyimages-1379643555.jpg)
Marina Rodriguez, atual número 3 do ranking, acredita que mais uma vitória a leva à disputa do cinturão peso-palha — Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC/Getty Images
Enquanto Marina enfrenta Amanda Lemos no dia 5, uma semana depois o cinturão peso-palha será colocado em jogo pela campeã Carla Esparza numa luta com Weili Zhang, em Nova York. Poderia ser Marina, caso ela tivesse aceitado enfrentara a chinesa com pouco tempo de treino e vencido a luta. Ainda assim, não há arrependimento.
– Dentro das circunstâncias que a gente estava no momento, foi a melhor decisão. Se eu aceitasse lutar com a Weili Zhang com 40 dias de treino, no mesmo card com outra super luta para o nosso time, não entregaria uma luta que realmente valesse, que é lutar contra a Weili Zhang, uma atleta completa e a gente já viu que é realmente uma ex-campeã – e provavelmente futura campeão. A decisão foi realmente a melhor a seguir. A gente joga o game que o UFC quer, e para isso a gente tem que estar disposto a arcar com todas as consequências.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2022/C/A/Oxrxq4QveE6Abi1bvosw/carrossel-marina-rodriguez-x-amanda-lemos.jpg)
Marina Rodriguez e Amanda Lemos lutam em Las Vegas no dia 5 de novembro — Foto: Infoesporte
A lutadora de 35 anos, dona de um cartel com 16 vitórias, uma derrota e dois empates, chegou a revelar um pedido por um confronto com a ex-campeã Rose Namajunas, mas o lado da americana não topou o duelo. Marina garante que, se vencer, fará a próxima luta pelo título.
– Queria que a Rose Namajunas fosse a minha próxima luta (…). Houve ali conversas por trás e a Rose não está apta. Não sei se ela ainda vai lutar, mas acho que está meio em “off”. Senão, com certeza seria essa luta, a gente pediu, mas não aconteceu pelo lado de lá. E com certeza, ganhando a próxima luta, independente de que maneira for, estou apta a ser a próxima desafiante ao cinturão. Aí não tem mais como colocar ninguém na minha frente. Deveria ser a Rose (agora no lugar da Amanda), e como não vai ser agora, não vai ser depois também.
Fonte: GE